domingo, 9 de junho de 2013

Frases

- Aqui estão as chaves de minha alma e de minha vida. Eu te pertenço; fiz-te meu senhor; e só te peço a felicidade de ser tua sempre!
— 

- Eu caí na sala?… murmurou Aurélia sem abrir os olhos, e        corando de leve.
- Não, respondeu Seixas.
- Quem segurou-me?
- Podia eu confiá-la a outro? disse Fernando.



— Conheci que não amava-me, como eu desejava e merecia ser amada. Mas não era sua a culpa e só minha que não soube inspirar-lhe a paixão, que eu sentia. Mais tarde, o senhor retirou-me essa mesma afeição com que me consolava e transportou-a para outra, em quem não podia encontrar o que eu lhe dera, um coração virgem e cheio de paixão com que o adorava. Entretanto, ainda tive forças para perdoar-lhe e amá-lo.
— 



Eu o amo sem condições, e nunca lhe perguntei onde me leva este amor. Sei que ele é minha felicidade, e isto me basta.



O amor deixou de ser um sentimento e tornou-se uma fineza obrigada entre os cavalheiros e as damas de bom tom.



- Um instante! disse Aurélia.
- Chamou-me?
- O passado está extinto. Estes onze meses, não fomos nós que os vivemos, mas aqueles que se acabam de separar, e para sempre. Não sou mais sua mulher; o senhor já não é meu marido. Somos dois estranhos. Não é verdade?
Seixas confirmou com a cabeça.
- Pois bem, agora ajoelho-me eu a teus pés, Fernando, e suplico-te que aceites meu amor, este amor que nunca deixou de ser teu, ainda quando mais cruelmente ofendia-te.
A moça travara das mãos de Seixas e o levara arrebatadamente ao mesmo lugar onde cerca de um ano antes ela infligira ao mancebo ajoelhado a seus pés a cruel afronta.
- Aquela que te humilhou, aqui a tens abatida, no mesmo lugar onde ultrajou-te, nas iras de sua paixão. Aqui a tens implorando seu perdão e feliz porque te adora, como o senhor de sua alma.




Quanto mais franzires a testa, mais beijos te dou para desmanchar estas rugas tão feias.

Resumo

Aurélia Camargo era uma moça pobre, tinha perdido o irmão e o pai; sua mãe, temendo morrer e abandonar a filha desamparada, insistia para que ela fosse ficar na janela pra ver se arrumava um casamento. Realizando tal desejo, conseguiu muitos admiradores e um grande e único amor, Fernando Rodrigues Seixas.
Fernando vivia com a mãe e duas irmãs, levavam uma vida pobre, pois viviam do aluguel de dois escravos, da costura e da pequena ajuda que Fernando dava com seu emprego público. Fernando estava apaixonado por Aurélia e decidiu pedir sua mão em casamento, porém logo mudou de ideia, pois sabia que casando com ela teria uma vida pobre e perderia sua liberdade, deixando assim de frequentar a sociedade.
Assim o romance se esfriou e o noivado foi rompido. Fernando resolveu se casar com Adelaide, pois receberia um dote de trinta mil contos de réis.
Neste mesmo período o avô paterno de Aurélia apareceu, mas faleceu logo em seguida, quase ao mesmo tempo em que sua mãe, no entanto seu avô lhe deixara sua rica herança. Aurélia tornou-se uma moça rica. Sua tutela foi entregue a seu tio Lemos, que havia cortado as relações com a mãe de Aurélia há tempos. Mas ela preferiu viver em uma casa com D. Firmina, uma amiga viúva que a tinha amparado quando ficara sozinha no mundo.
Fernando viajou para Recife na esperança de escapar do casamento. Com sua ausência, Adelaide se reaproximou de Dr. Torquato Ribeiro. Aurélia lhe havia devolvido cinquenta mil contos de réis que a muito lhe devia e assim o pai de Adelaide lhe consentiu a mão da filha. Quando Fernando voltou já estava livre do casamento, foi então que Lemos lhe propôs casar-se com uma moça em troca de um dote de cem mil contos de réis, ele acabou por aceitar e recebeu um adiantamento de vinte mil contos de réis, logo depois conheceu a moça, que era Aurélia. Alegrou-se, pois sempre a amara.
Fernando e Aurélia se casaram. No quarto de núpcias, quando Fernando se declarou, Aurélia friamente entregou-lhe o resto do dote e disse que ele a pertencia, afinal acabara de comprá-lo. Nessas condições passaram a viver um falso casamento, dormiam em quartos separados e sempre se tratavam intimamente com sarcasmo e ironia. Com o decorrer do tempo Fernando se dedicou ao trabalho de servidor público e Aurélia passou por um longo tempo se isolando de todos. Depois de tal isolamento dedicou-se a festas, visitas e pequenas reuniões contínuas.

Ao voltar de um baile quase houve uma reconciliação, no entanto ela não aconteceu. Então durante uma valsa, em um baile próprio, Aurélia desmaiou e acabaram sozinhos no quarto dela. Nesse momento quase houve novamente uma reconciliação, mas Fernando sem querer disse palavras que ofenderam a sua esposa. Voltaram para o baile, ainda vivendo de aparências. Quando o baile acabou cada um foi para seu quarto, Aurélia, baseando-se nos recentes acontecimentos, concluiu que Fernando realmente a amava, quase foi ao encontro dele, mas precisava ter certeza e abandonou assim a ideia.
Nos dias seguidos Fernando recebeu o dinheiro que havia ganhado através de um investimento, pediu para conversar com Aurélia. Após o jantar foram para o quarto dela, ele entregou a ela um cheque com o valor que ela havia pagado pelo dote e mais os outros vinte mil contos de réis, conquistados no trabalho na repartição e com o lucro do investimento. Declarou-se livre, pois havia lhe devolvido o dinheiro com o qual ela o havia comprado.

Considerando-se dois estranhos, despediram-se. Nesse momento Aurélia confessou todo o amor que tinha por Fernando, afirmou que sendo eles agora estranhos o passado havia sido esquecido e assim podiam viver o amor que sentiam. Fernando, ao ouvir tal confissão, beijou sua esposa e assim reconciliaram. Ele de repente hesitou, o dinheiro de Aurélia os impedia de se amarem, ela então pegou em uma gaveta um documento, tratava de seu testamento, no qual deixava tudo para Fernando. Nessas circunstâncias, uniram-se no “amor conjugal”.